Pastor Alemão - Ele é o cão!

Ao longo dos tempos ou, pelo menos, ao longo da existência formal da criação organizada, fundada no século 19, esta raça tem sido a mais consagrada nos quatro cantos do planeta. Os dados de 2010, por hora os mais recentes disponíveis, traçam um panorama parcial da popularidade do Pastor Alemão: 1º lugar em número anual de nascimentos registrados na Alemanha e na França; 2º na Itália, na Espanha e nos Estados Unidos; 4º no Reino Unido. No Brasil os números exatos relacionados a ele não são divulgados, mas não há dúvida de que esteja entre as 10 raças mais registradas; é provável também que ocupe um posto entre as cinco mais; e é certo que se mantém em primeiro lugar entre os cães usados para a guarda.

As informações acima, como dito antes, restringem-se a um único ano. Não importa. Escolha qualquer outro ano, de qualquer outra década, e avalie o desempenho do Pastor Alemão. Ele está sempre no topo. Modismos e tendências, usuais regentes da ascensão e do declínio da maioria das raças, parecem ter esquecido desse cão. Não há fenômeno de popularidade canina que se compare ao dele. E, ainda que soe arriscado prever, não haverá. Pelo menos, não enquanto qualquer um de nós estiver aqui para testemunhar.

Seria, então, o Pastor Alemão a melhor de todas as raças? Recorrendo à velha (e simplória) máxima, o que é melhor para um não se faz necessariamente melhor para outro. A solidez do sucesso desse cão vem, sobretudo, de dois fatores. Um é o rigoroso controle de qualidade pelo qual ele passa em grande parte do mundo, o que impede de exemplares atípicos se disseminem de forma a aniquilar a boa imagem da raça perante o público: resumindo em grande linhas, para Pastores Alemães se acasalarem com direito a gerar filhotes com pedigree, eles tem de ser submetidos a avaliações de estrutura, temperamento e saúde. Não menos importante, o segundo fator que determina o êxito desse cão é a sua espantosa e peculiar versatilidade. Versatilidade essa que reflete para muitos (quiçá para a maioria) de nós, humanos, a imagem mais absoluta do dito melhor amigo do homem: o cão leal aos donos, disposto a obedecê-los prontamente, preparado para protegê-los do perigo, apto a desempenhar tarefas simples e complexas, amigável com todas as pessoas e, ao mesmo tempo, capaz de enfrentá-las caso se transformem em ameaças à família para a qual dedicou os caninos votos de fidelidade incondicional.

O Pastor Alemão se adapta sem aparente esforço às necessidades e ao estilo de vida de muita gente. É generoso em seus préstimos mesmo com donos de primeira viagem, não raros desastrados em matéria de educação canina. E se mostra excepcional com os mais experientes, graduados em extrair o melhor do potencial de um cão. Ele é o companheiro brincalhão e gentil com as crianças, o atleta ágil e resistente para os esportes, o parceiro sereno para momentos de ócio fora e dentro de casa, o defensor confiável da família e do território, o aluno prodígio em qualquer modalidade de adestramento.

Não à toa, está entre os cães vistos em companhia de portadores de necessidades especiais. Pastores Alemães atuam bem como guias de cego e como assistentes de pessoas com deficiências físicas ou mentais. Também não é a toa que essa raça é a mais utilizada pelas polícias do mundo. E para todas as funções policiais nas quais cães participam: ronda ostensiva, perseguição a criminosos, detecçao de armamentos e narcóticos, busca e salvamento de vítimas de catástrofes. Mesmo aqueles que, por ossos do ofício, acompanham rotineiramente as façanhas caninas mundo afora continuam se impressionando ao ver Pastores Alemães saltando de paraquedas, praticando rapel, farejando explosivos em campos minados, enfrentando rebeliões em presídios, desarmando e imobilizando bandidos, chafurdando em lamaçais atrás de sobreviventes de deslizamentos e enchentes, percorrendo montanhas de escombros aparentemente impenetráveis para localização de soterrados.

Sim, esse cão é o cão. Mas não é a prova de queixas. A mais recorrente delas, no que se refere ao temperamento, está no ímpeto dele de latir mais do que muitas pessoas consideram ideal. A estas, outras tantas diriam: deixem o supercão falar.

Texto da revista Cães & CIA nº391 - página 54

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